3.3.14

A nova Ucrânia

Todos temos neste momento algum conhecimento dos desenvolvimentos na Ucrânia, mais em concreto o que está a acontecer na Crimeia, uma República Autónoma dentro da própria Ucrânia.
Parece ser claro que a preocupação dos habitantes ucranianos em quererem que o seu governo fosse aderente de maior transparência e modernização para o país foi apenas a ignição de um autêntico barril de pólvora.

Após dias de manifestações e confrontos violentos, o Presidente ucraniano é deposto e a Rússia intervem.
Não sei, nem posso afirmar com certezas, se a Rússia tomaria uma acção tão drástica caso Ianukovitch não fosse deposto. Provavelmente não; tomaria o controlo da Ucrânia através da sua manipulação diplomática, utilizando o país como estado-satélite de Moscovo.
Contudo, o que aconteceu e está a acontecer é que a Russia está à beira de entrar abertamente na Ucrânia e invadir o país. Fazê-lo é um erro, quer do ponto de vista diplomático, quer do ponto de vista económico; vejamos porque:

- tal como foi profetizado por Barack Obama, Putin (e a Rússia) ficariam isolados diplomaticamente, tendo pouquíssimos apoios internacionais à invasão militar da República Autónoma (sendo o único provavél a China). Mais: seria bastante fácil  uma resolução a condenar as acções de Putin passar na Assembleia Geral das Nações Unidas e a legitimizar até uma acção da NATO na Ucrânia;

- se persistir com a efectização da invasão militar na Ucrânia, Putin estará a dar condições e argumentos para que a UE, EUA e outros países imponham à Rússia pesadas sanções económicas.

- As acções na Crimeira/Ucrânia estão a ser fortemente (e cada vez mais) criticadas pela comunidade internacional o que dará aos típicos aliados da Rússia poucas motivações para se colocarem ao lado de Putin e (caso a Crimeia capitule ou seja militarmente controlada) e reconher aquela região como russa.

Há contudo outras variáveis a analisar: porque Putin quer tanto controlar a região?
Seja por resquícios ou saudasismos dos tempos de controlo e "glória" da antiga União Soviética, por ter um estado aliado ou por ter maior acesso ao Mar Negro, Moscovo parece não ceder facilmente.

Dois cenários parecem-me agora mais plausíveis: ou há uma invasão clara e aberta por parte de Moscovo, abrindo caminho para uma retaliação por parte da NATO, ou um recuo da Rússia sobre a Crimeia e esta ganhar uma ainda maior autonomia dentro da Ucrânia (abrindo portas para outra hipótese de pressão e controlo diplomático).

A escola é de todos, para todos (Parte III)

Movimento Juvenil nas Escolas

Irei tentar tocar em todas as partes mas isto será necessário alguma compreensão vossa no caso de alongar-me.

Podemos dividir o movimento juvenil nas escolas em duas partes, movimento estudantil, que engloba grupos informais de estudantes, actividades extra-curriculares como por exemplo rádios, jornais, desporto, tunas etc. e o movimento associativo que engloba associações de estudantes ou outros órgãos representantes na vida democrática da escola. Logo aqui poderemos excluir quase todo o Ensino Privado no que toca a movimento associativo.

1.1.Movimento Juvenil no Ensino Básico e Secundário

Os estudantes do ensino básico e secundário tiveram sempre organizados de uma maneira bastante particular. Desde desporto escolar, jornais ou outras actividades extra-curriculares, sempre foi uma vertente que tinha uma participação muito positiva. Mas com as recentes alterações ao financiamento do ensino, que vem implicar a diminuição de docentes para darem estas actividades, à sobrecarga horária do aluno têm provocado uma diminuição de estudantes a organizar e a praticar estas mesmas actividades. Ao mesmo tempo tem-se cultivado uma cultura de medo no meio dos estudantes. Dentro das escolas directores intimidam os alunos de se reunir. Proibindo muitos movimentos, posso nomear um exemplo bastante próximo onde um director proibiu qualquer grupo de xadrez ou até de uma turma de fotografia promovidos pela a associação de estudantes da EBSARC (Linda-a-Velha), da qual na altura eu fazia parte. Mas este é um exemplo bastante pequeno no que se tem passado por várias escolas neste país. É também nos movimentos informais que estudantes tem encontrado algum espaço para discutir, debater e aprender mas que têm surgido sanções aos estudantes que tomando consciência tentam organizar estes grupos.


1.2. Movimento Associativo no Ensino Básico e Secundário

Actualmente vemos um ataque a este movimento, em primeiro lugar é realmente notado a intervenção dos directores no funcionamento das Associações de Estudantes, sobretudo nos processos eleitorais, condicionando programas e no que toca aos estudantes, que tentando agir pela escola sofrem sanções impossibilitam estes de se candidatarem às associações de estudantes numa clara violação da lei, A maioria dos estudantes não conhecem os seus direitos e os da AE, algo que é promovido nas escolas pelas suas direcções, numa clara intenção de controlar o espaço que estas tenham. Já não tem sido poucas vezes também que RGA e/ou AGA têm sido proibidas, num claro ataque à democracia como na ES Santa Maria (Sintra) onde os estudantes da AE, sofreram uma grande repressão para conseguir convocar e reunir uma AGA (Assembleia Geral de Alunos), mas esta história não acaba por aqui, os estudantes conseguiram reunir 350 alunos para esta assembleia numa clara vitória contra instrumentos repressivos.
Em segundo lugar ocorre hoje uma disvirtualização das AE, pretendendo transformá-las em comissões de finalistas, com uma participação imensa de empresas privadas nas campanhas condicionando os programas das listas para tentar que se resumam a festas e viagens de finalistas, omitindo o seu papel essencial que é a representação dos estudantes.

2.3.14

A escola é de todos, para todos (Parte II)

Peço desculpa desde já pois disse que falaria dos direitos dos estudantes na vida e na organização da escola mas recordei-me de um assunto que me parece melhor colocado para nesta ordem. Passarei já para este tópico e retomarei o assunto anterior noutra altura.

Subsistemas de Ensino Superior

Actualmente existem três tipos de subsistemas de ensino superior em Portugal sendo eles o Ensino Superior Universitário Público (ESU), Politécnico Público (ESPP) e Privado (ESP). Deste último falarei menos.

Relativamente ao ensino público que está dividido nos subsistemas acima indicados, ESU e ESPP, actualmente têm vindo a aumentar o fosso entre estes dois criando um modelo de ensino bipolar, com um aprofundamento das desigualdades entre os estudantes do ensino superior em geral. Actualmente dentro do ESU têm-se vindo a encontrar, para além de uma grande carência material e humana, existe também uma pedagogia com insuficiências no ensino experimental e de projecto, como prova disto vem-se a ver que as muitas disciplinas teóricas valerem mais créditos do que as práticas em alguns cursos.

Já no ESPP, que tem tido uma grande contribuição para o desenvolvimento de algumas regiões reduzindo assim algumas diferenças regionais, embora com este valoroso contributo é este que tem sofrido mais recentemente uma maior desvalorização quer seja no seu financiamento como no seu carácter de formação superior. O Ministério da Educação e Ciência já avança que para o próximo ano os cursos do politécnico tenham intuito de formação profissional com a entrada de cursos de dois anos, 120 créditos, aos quais a comunicação os apelida de "meias licenciaturas". Isto têm apenas um objectivo, de destruir o ESPP, copiando a Europa, como instituição de formação superior, assim consagrada desde 1974.

Estas reconfigurações demonstram a intenção de elitizar o Ensino Superior, desde já com a estruturação de um modelo bipolar, como pela intenção de destruição de um destes subsistemas. A criação de um sistema único de Ensino Superior Público que convergendo as diferentes formações, quer seja na componente prática do politécnico como pela necessidade de responder ao desenvolvimento do país.

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