21.5.11

Manifesto contra a desilusão e a indiferença! Pela confiança em nós próprios!

Uma maré negra de diversos tecidos pinta janelas e estendais de todas as ruas
portuguesas, em sinal de luto, pela Liberdade.

Amigos e Companheiros,
Quantos de nós vendo a situação política e económica portuguesa se sentem revoltados ao folhear um jornal, ou a ouvir e ver notícias, na Rádio e na Televisão?
Quantos não se sentem agora representados pelos partidos em que votámos anteriormente, mas que frustraram todas as nossas expectativas?
Quantos de nós estão fartos do PSD e do CDS e do actual governo do PS, que voltou a conseguir ser uma Direcção no seu Partido, contra todas as expectativas e esperanças?
Quantos de nós ficaram completamente decepcionados e à beira do vómito, quando perceberam que, dentro do PS, não havia ninguém que avançasse contra Sócrates? Quando vimos os peritos de vassalagem de Manuel Alegre e Ferro Rodrigues? Quando nos disseram que o tinham feito porque, apesar de tudo, era ele que podia garantir ao PS uma melhor votação? E que isso era melhor do que o Poder passar para a Direita, quando todos sabemos que a futura e
mesma política governativa, imposta pela 'Troika' e aceite pelo PSD, pelo PP e pela Direcção do PS, vai ser posta em prática, por qualquer das coligações que possa resultar das próximas eleições?

Caros companheiros do PS e seus eleitores habituais, onde ficou a premissa de que uma posição partidária não se deve sobrepor à consciência nacional? Ficou-vos alguma réstia de vergonha, depois de terem reconduzido, à possibilidade de poder, um homem que nos dava uma notícia boa, em cada 2ªF, para ser sempre desmentida, pela realidade ou por fontes mais fidedignas, à 5ª ou à 6ª?

Eram mentiras, ou incompetência? Tanto faz. Cheira mal!

Estamos a falar do político mais hábil da sua geração. Mas não podemos enfrentá-lo? Onde se situa agora a honestidade intelectual dentro do PS? Estão, ou acham-se velhos, para enfrentar tal combate? Ou são todos 'boys', agarrados a um 'tacho'?

Não sabemos. Mas deixam-nos um legado de traição quando, na vossa tradição, devia ser uma mensagem de Liberdade.

E vamos voltar a aturar a beatice teatral de Paulo Portas e o seu populismo de beijinhos nos velhos, nas crianças e nas varinas, quando toda a gente sabe que por trás do PP estão os patrões de baixo nível, aqueles que compram um Ferrari, assim que ganham algum dinheiro, em vez de inovarem as suas empresas?

Ou a ignorância indesmentível de Passos Coelho que vai provavelmente perder as eleições, por dar permanentemente 'tiros-no-pé', apesar de ter, à partida, todas as vantagens, para as ganhar? E o Fernando Nobre? Também não nos desiludiu a todos?

E quantos de nós votam cada vez menos, ou nunca votaram, como muita gente
da 'Geração à Rasca? E quantos acham que é este o nosso 'fado', aquele destino infeliz a que não podemos escapar, em que uns nascem ricos e outros pobres, uns felizes e os outros próximos da desgraça!

Nós, os subscritores deste Manifesto, acreditamos e desejamos, que o conjunto de todos nós possa mudar Portugal. Queremos, primeiramente, enviar uma mensagem de força a toda a sociedade:

Que todos os que estão insatisfeitos com este Governo e com José Sócrates; com o CDS e o PSD; com as negociações com o FMI e o conjunto da tal 'Troika'; tendo, ou não, opções partidárias, ponham uma peça de roupa negra, nas suas janelas e estendais. Queremos cobrir o país de símbolos negros, contra o regime! Fazer uma espécie de 'Referendo' e mostrar que nós, os insatisfeitos, somos muitos. Muito provavelmente, uma maioria.

Queremos mostrar o nosso Luto por Portugal! O nosso luto pelo Estado Social! O nosso Luto, por palavras que foram desvalorizadas, como: Democracia,  Liberdade, Cidadania, Civismo, Socialismo, etc.

Porque estamos a morrer, em mentira lenta, antes de viver a sério! E queremos também ir à próxima manifestação da CGTP, no dia 19, de T-Shirts ou braçadeiras exactamente com o mesmo significado.

Devemos ir lá todos, apesar de sabermos que os sindicatos estão um pouco esclerosados e que, estas manifestações, são demasiado convencionais, como se quem lá vai, tivesse essa obrigação.
Nós, não. Iremos integrá-la e trazer-lhe esse luto, mas também


Mas não há qualquer coisa que ainda nos chame a todos a atenção, nas palavras 'Solidariedade', 'Inconformismo' e 'Revolta'? Há, ou não há? Ainda percebemos, ou não, que podem existir outros caminhos?

Para além dessas primeiras 'Manifestações de Desagrado e Luto', com o negro bem à vista, queremos que o Bloco e a CDU façam um protocolo pré-eleitoral, em que se forem maioria, no conjunto das suas votações, irão constituir um Governo de Esquerda.

Sem nós, os dissidentes, os desiludidos, os apartidários, os que já não votam e os que nunca votaram, este resultado foge completamente à realidade. Contudo, connosco, se todos formos votar nos mesmos 2 partidos é matematicamente possível a vitória. E queremos, ou não, evitar uma existência de carneiros, destinados ao sacrifício?

Para votarmos, na CDU ou no Bloco de Esquerda - tanto nos faz - queremos que esses partidos combinem e contactem, desde já, um futuro primeiro-ministro independente, à sua direita (para nós, pode ser a Arqª. Helena Roseta, ou outro alguém com coragem, honestidade e capacidade de ruptura), mas que forme um Governo de que façam parte Independentes, mas em que o Bloco e a CDU fiquem realmente em maioria.

Queremos um governo e pessoas honestas e audazes que estejam dispostas a subscrever algo de próximo do seguinte Programa Mínimo (é para ser desenvolvido por técnicos das várias áreas, que nós não somos, nem queremos aparentar ser, mas sobre o qual temos algumas, talvez poucas, ideias, como segue):

1.
Renegociação dos acordos com a 'Troika'.
Nós queremos pagar, mas, se querem receber, têm que nos deixar estabelecer o ponto da situação. Vai ser como nós pudermos e sem haver acréscimo de desemprego, nem crescimento de encargos para os mais desfavorecidos.
Queremos recuperar a Economia e voltar a produzir a sério, com intervenção estatal, muito possivelmente contra todas as normas da CE e do €uro, e correndo talvez o risco de sermos expulsos, mas protegendo novos projectos, implementado um nova 'Lei das Sesmarias', em que preferimos ser multados pela CE, do que não produzir e em que sustentemos um preço de compra mínimo aos produtores, quando tal for necessário. Arranjaremos certamente nos 'Países em Vias de Desenvolvimento' quem precise de leite em pó ou condensado, bem como de outros géneros.

2.
Serão estabelecidos, de imediato, contactos com a Irlanda, a Grécia, a Islândia e
todos os outros países europeus de economia periférica, para vermos o que  podemos fazer uns pelos outros. Vamos explicar a todas essas nações, de economia pouco sustentada, que já entraram na CE, ou na zona €uro, ou que estão a negociar essa entrada, o que lhes pode acontecer, após um período relativamente curto de euforia.
De facto, as medidas de austeridade impostas agora a Portugal, nunca serão implementadas para a Espanha ou para Itália, por bem pior que seja a situação financeira destes países, porque os seus mercados são demasiadamente importantes para as potências dominantes da CE.

3.
O pagamento de mais de 3.000€ de pensões mensais individuais, reverterá, de
imediato, a favor do Estado (valendo o mesmo para pensões acumuladas).

4.
Qualquer ordenado de Gestores Públicos, superior, ao de Presidente da República, reverterá, de imediato, para o Estado.

5.
Será implementado um imposto sobre as Grandes Fortunas (trata-se de um esforço patriótico a prazo, e não de uma condição para ficar estabelecida para sempre).

6.
Ninguém, mas mesmo ninguém, trabalhando por conta de outros, poderá ganhar
mensalmente mais de 12 salários mínimos. O excedente reverterá para o Estado, através do IRS, que deixará de funcionar por escalões, mas aplicado, caso-a-caso, de acordo com
este princípio.

7.
Todos os 'Institutos', ou empresas de Consultoria, que trabalham para o Estado, e
em que Funcionários Públicos sejam maioritários, serão extintas. Esses Funcionários serão encarregues de desempenhar o mesmo que faziam até aqui, mas dentro do Funcionalismo Público a que pertencem e com os ganhos correspondentes às suas reais categorias profissionais.

8.
É obrigatório fazer com que Caixa Geral de Depósitos possa criar melhores
condições do que quaisquer bancos privados para as empresas de exportação e para todas as actividades.



Entretanto, nós, os criadores deste manifesto, propomos a toda a gente, que transfira as suas poupanças, ou contas-ordenado, etc., para a Caixa Geral de Depósitos, o Montepio Geral ou as Caixas de Crédito Agrícola.

Vamos penalizar a Banca Privada, sobretudo aquela que se encontra ligada a escândalos de corrupção. E vamos deixar falir os bancos que não se aguentem neste 'reviralho' (pensamos que em sua defesa virão os actuais credores externos).

As pequenas poupanças, desde que mudem, desde já, não serão gravemente afectadas, porque os juros são muito baixos, e os grandes investidores serão certamente penalizados, mas  eventualmente já lucraram muito com a sua actividade financeira.
Todos gostamos das posições do Mourinho e do Cristiano Ronaldo no futebol, mas nada nos obriga a seguir as suas recomendações noutras questões.

É pouco, sabemos, como programa de governo, mas certamente que a CDU e o Bloco, bem como esses independentes que gostaríamos que ali estivessem representados, têm a gente certa para corrigir e alargar as nossas ideias, mantendo o seu espírito de base.

Mas precisamos de abandonar a nossa letargia, as nossas ganzas, o futebol, a música e, sobretudo, o nosso desalento, e colocar os tais símbolos negros bem à vista e, depois, ir votar!

Queremos ouvir as vossas opiniões sobre este 'Manifesto' nos espaços públicos de opinião, redes sociais, etc, e que o reencaminhem para todos os vossos amigos e conhecidos por email.

Núcleo de Intervenção Cívica

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