24.1.11

Abstênção de não fazer comentários

Os resultados falam por si, apenas metade da população vota. E dessa metade vota em Cavaco, fazendo as contas apenas 25% soa portugueses votam no agora presidente reeleito. Não é triste saber que numa democracia recente as pessoas se sentem intimidadas pelo frio, pelo conforto, fazendo uma luta silenciosa apenas. Querendo desaparecer de todos os processos sociais e políticos em que a vergonha de lutar pelo o que é nosso e de mais ninguém, as nossas opiniões ou ideais. Fico angustiado por saber que continuamos pelo o caminho do silêncio, aquele que nos libertamos há já quase 40 anos. Mas ainda pior por saber que são aqueles que nos lixam que ficam mais fortes, como se de uma grande vitória se tratasse ganhar onde metade da população não vota. Fico triste por saber que entre os camaradas que andaram na rua lutando pela minha nossa candidatura sejam espezinhados por esta abstenção de tão desastrosa que arruína a ideia de estabilidade que os políticos dizem sentir. Não se trata de acreditar num partido ou noutro, numa pessoa ou noutra, trata-se de acreditar em nós e não em outrem, em ter a capacidade de discernir como nos transportar para um país verdadeiramente verdadeiro.

Em resposta à reeleição de Aníbal Cavaco Silva fica aqui algo já escrito antes destas candidaturas falsamente"vencedoras".

Do que um homem é capaz
As coisas que ele faz
Para chegar aonde quer
É capaz de dar a vida
Para levar de vencida
Uma razão de viver

A vida é como uma estrada
Que vai sendo traçada
Sem nunca arrepiar caminho
E quem pensa estar parado
Vai no sentido errado
A caminhar sòzinho

Vejo a gente cuja a vida
Vai sendo consumida
Por miragens de poder
Agarrados alguns ossos
No meio dos destroços
Do que nunca vão fazer

Vão poluindo o percurso
Com as sobras do discurso
Que lhes serviu pr'abrir caminho
À custa das nossas utopias
Usurpam regalias
Para consumir sòzinho

Com políticas concretas
Ímpões essas metas
Que nos entram casa dentro
Como a Trilateral
Com a treta liberal
E as virtudes do centro

No lugar da consciência
A lei da concorrência
Pisando tudo pelo caminho
Para castrar a juventude
Mascaram de virtude
O querer vencer sòzinho

Ficam cínicos, brutais
Descendo cada vez mais
Para subir cada vez menos
Quanto mais o mal se expande
Mais acham que ser grande
É lixar os mais pequenos

Quem escolhe ser assim
Quando chegar ao fim
Vai ver que errou o seu caminho
Quando a vida é hipotecada
No fim não sobra nada
E acaba-a sòzinho

Mesmo sendo poderosos
Tão fracos e gulosos
Que precisam do poder
Mesmo havendo tanta gente
Para quem é indiferente
Passar a vida a morrer

Há principios e valores
Há sonhos e há amores
Que sempre irão abrir caminho
E quem viver abraçado
À vida que há ao lado
Não vai morrer sòzinho
E que morrer abraçado
À vida que há ao lado
Não vai viver sòzinho

José Mário Branco - Música do album Resistir é Vencer

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