8.1.13

Realismo


 Muito se tem dito sobre o estado actual do país. Muito se tem opinado, inferido, debatido e tentado solucionar. Sendo cidadão activo de uma República soberana e com tudo o que é inerente a isso quero fazer uso dessa voz que me é dada, livremente. Esse é também um dos pilares deste blog. 
Que se tenha eleito um governo que funciona por orientações de direita é legítimo. Que se defenda esse governo é burrice. 

Que seja permitido manifestações e greves pelos trabalhadores e estudantes é excelente!
Que esses mesmos manifestantes façam isso mas tenham contribuindo para eleger um partido que desde sempre mostrou as suas intenções (existem planos de governo e eleitorais leiam antes de votar) já considero incongruente. 

Não quero deixar aqui a ideia que sou contra as greves ou manifestações, muito pelo contrário. O direito de estas serem realizadas livremente e (mais importante que tudo) legalmente foi uma das maiores conquistas que este país já testemunhou desde que é País. 

Contudo existem muitas coisas a serem feitas em Portugal. É incompatível que vigore ainda um sistema de queixinhas sobre os outros e a postura de "linchar o mais próximo para subir"; Se lá fora trabalha-se menos e cá mais deixem que seja assim, desde que este trabalho sobre exigido seja produtivo. De nada serve trabalhar mais ou menos se esse esforço não garante lucro no futuro. De nada serve alterar as legislações laborais se estas não vão garantir mudanças concretas e positivas socialmente e um saldo positivo na balança comercial. 

Isto traduz-se numa proposição muito simples: melhor distribuição dos impostos a pagar  para se criar um negócio rentável e eficiente, oferecendo-se garantias ao Estado que existe receita (através de impostos mais adaptáveis à situação bolseira dos comerciantes onde mais ricos pagariam mais do que os pobres), ou seja, menos impostos levam no futuro a maior riqueza acumulada (pela menor "perda" de dinheiro investido no Estado) que permite mais consumo e riqueza "indirecta" no final.
 Mais consumo e mais dinheiro nos bolsos dos portugueses legitimam uma eventual subida no IVA de produtos supérfluos e uma descida nos bens essenciais, visto que estaríamos em melhores condições de futuramente fazer essas alterações.

Quase a certeza que os mais cépticos vão exigir a minha cabeça depois de lerem o que escrevi nos parágrafos acima mas creio que a fundamentação adequada se resume a isto: menos impostos, mais dinheiro na fonte, mais poder de compra, mais lucro com impostos sobre o consumo, mais receitas para o estado, mais capacidade de investimento sem sobrecarregar os contribuintes de forma mais pesada. 
Óbvio que teria que existir uma distribuição racional das contribuições no consumo em particular com a tributação de bens considerados desnecessários e não essenciais (álcool, alta-costura, carros de alta cilindrada, barcos, iates e outras embarcações privadas, bens alimentares não essenciais como caviares e que não sejam ligados à alimentação quotidiana, entre outras coisas). 

É também importante que se adeqúe a situação social e política ao que está a viver internacionalmente. 
Se existe quem diga que é necessário existir leis que protejam as famílias então pode-se chamar essas pessoas (ou instituições) a pagar a sua quota parte da factura. Não se compreende como é que actualmente não se exija à Igreja que pague impostos como todos os outros cidadãos. Somos todos irmãos e filhos de Deus, verdade?

Precisamos de olhar lá para fora mas só depois de nos desenvolvermos cá dentro.

 Portugal tem uma posição geográfica privilegiada, como todos sabemos, e poderia aproveitar isso mesmo para prosperar, através do turismo, do investimento estrangeiro e até permitir que empresas estrangeiras se sediem em Portugal. Poderia-se apostar muito mais no Turismo com a criação de um Ministério que tutelasse essa pasta ambiental o que daria mais visibilidade da preocupação do Estado Português em promover o que de melhor há para visitar no país; A protecção de áreas florestais, por exemplo,  estaria muito mais assegurada e com isso viria a pouco e pouco o destaque internacional para essas áreas a visitar.
A questão do investimento estrangeiro era conseguida com a redução de impostos para empresas estrangeiras que fomentaria o interesse em sediar-se em Portugal (ser-lhes-ia mais barato e existira lucro a entrar nos cofres do Estado). 
É com estes pequenos exemplos e ideias, conjugadas com outras que se poderia chegar a uma nova nação: mais próspera por si, mais auto-suficiente em termos de produção agrícola e de energia (energias renováveis pelo aproveitamento do clima, energia pelas ondas nas nossas águas territoriais, etc etc) que diminuiria a nossa dependência do exterior ao mesmo tempo que nos fornecia mais matéria prima e bens para exportar, gerando mais riqueza nacional. 

Posso soar demasiado capitalista mas actualmente, como sempre, o dinheiro importa. É o dinheiro que move o Estado e as suas aplicações. É esse dinheiro que mantêm hospitais, que constrói escolas e paga a esses professores, que contrata engenheiros para desenvolver estradas, aeroportos, portos e tudo o mais que assegura o desenvolvimento intra fronteiriço português. 
É esse dinheiro que precisamos de fazer crescer e simultaneamente fazer chegar às pessoas para se sustentarem através de uma espécie de reeducação económica. 

No que diz respeito à integração europeia, Portugal tem todas as condições para ser uma voz muito mais activa e respeitada dentro da União. Falta-lhe só um Governo com postura e voz. Que não se cale sob a palavra de comissários ou pressões externas. Deixa-me bastante entristecido como se abdica a pouco e pouco da soberania de um país com mais de 900 séculos de história europeia e mundial. Desilude-me como é que se autoriza que os interesses nacionais sejam cada vez mais usurpados em prol do bem europeu. A Europa nunca foi um palco de paz e nunca o será - seja militarmente, seja economicamente   O maior problema europeu não reside na dívida soberana dos países que constituem a União, reside sim no facto da União Europeia é ter-se feito federada antes de se ter feito unida de facto. 

É só com uma visão mais lusitana e focada nos interesses internos do país que se poderá desenvolver esta nação que a tanto tem resistido. É através do apoio ao desenvolvimento das nossas capacidades naturais, do fomento da responsabilidade laboral e social que nos poderemos mais uma vez erguer e mostrar o que valemos. 
Devemos deixar para trás conservadorismos rídiculos. Devemos deixar para trás construções sociais que impossibilitam o progresso
Devemos sobretudo criar de novo o orgulho em ser cidadão do velho condado. 

Aí sim, teremos legitimidade para dizer que somos País desenvolvido. 

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